Um dos setores que mais sofreu os impactos da pandemia, sem dúvida, foi o de comércio e serviços. Com medidas restritivas recorrentes sendo impostas pelo Governo para conter o avanço da covid-19, muitos empresários tiveram que baixar as portas e migrar para o digital, para não fechar de forma de­finitiva. Muitos, infelizmente, sucumbiram à pandemia. Outros conseguiram adaptar-se e manter-se. Processos como a recuperação judicial, visto, erroneamente, como sinônimo de falência, tem ajudado muitas empresas a se manter no mercado.

É o caso do Grupo Handara e da Construtora Souza Reis, duas empresas cearenses, que recorreram ao processo e hoje podem dizer que alcançaram êxito e se recolocaram. A primeira, em 2018, se viu numa situação de endividamento aparentemente irreversível. A rápida expansão do grupo para outros estados provocou um superendividamento. O grupo decidiu buscar uma consultoria jurídica e o caminho foi ingressar com a recuperação judicial.

No caso da Handara, foi necessário implantar uma série de mudanças a ­ m de recuperar a saúde financeira e a credibilidade no mercado. A partir de um plano de recuperação judicial bem estruturado, com todos os credores sendo contemplados, a empresa teve o plano aprovado e agora inicia o pagamento dos credores, paralelo a uma atuação exitosa.

A Souza Reis também passou por estruturações visando evitar a falência e reconquistar a confiança do mercado. Dentre as adaptações, a empresa reduziu atividades e enxugou o número de colaboradores, para tornar o negócio sustentável. Com o plano de recuperação judicial aprovado, a empresa segue em operação e pagando credores.

Entender o momento certo de tomar uma decisão é essencial. O segredo do êxito desse tipo de processo é a antecipação, uma vez que quanto mais rápido forem implementadas medidas administrativas e judiciais para reequilibrar as dívidas e defender o fluxo de caixa, maiores serão as chances de reerguimento.

Rafael Abreu é advogado empresarial, especialista em recuperação judicial

Referência: https://ootimista.com.br/opiniao/a-recuperacao-judicial-como-um-novo-comeco/